A Polícia Federal (PF) investiga a suspeita de que o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), condenado por tentativa de golpe de Estado, deixou o Brasil de forma clandestina em setembro, utilizando Roraima como rota de fuga. A apuração, confirmada pela PF à TV Globo, indica que o parlamentar pode ter seguido rumo à Guiana ou à Venezuela.
Segundo investigadores, Ramagem embarcou em um voo para Boa Vista e, de lá, cruzou a região de fronteira por via terrestre em um carro alugado. A movimentação ocorreu no período em que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) julgava seu caso e o condenou a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão por organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe.
Documentos internos mostram que o parlamentar não comunicou à Câmara dos Deputados qualquer viagem internacional, apesar de estar proibido de deixar o país e obrigado a manter o passaporte retido por determinação judicial.
A PF pediu ao ministro Alexandre de Moraes a prisão preventiva do parlamentar diante dos indícios de fuga. O ministro acolheu o pedido, que já estava em análise antes mesmo da solicitação formal apresentada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) na quarta-feira (19). O partido argumentou que a evasão confirma o risco de que outros condenados do núcleo golpista adotem comportamento semelhante.
A Câmara informou que não há missão oficial autorizada, tampouco comunicação de deslocamento internacional do deputado. Um documento interno obtido pela TV Globo mostra que Ramagem solicitou, na terça-feira (18), um telefone com roaming internacional para participar remotamente da votação do Projeto de Lei Antifacção, embora a Casa impeça o exercício do mandato a partir do exterior.
Registros também indicam que Ramagem participou de votações enquanto estava afastado por atestados médicos entre setembro e dezembro. Com a ordem de prisão expedida, a PF concentra esforços na localização do deputado e avalia acionar autoridades estrangeiras, caso se confirme que ele está na Guiana ou na Venezuela.
Com informações de InfoMoney
