Uma área comparável ao Estado de Roraima foi queimada no Brasil nos nove primeiros meses deste ano, segundo dados do Monitor do Fogo do MapBiomas divulgados nesta sexta-feira (11). Ao todo, 22,38 milhões de hectares foram consumidos pelas chamas, um salto de 150% em comparação com o mesmo período de 2023 (13,4 milhões de hectares a mais que no ano passado).
Mais da metade (51%) da área queimada no período fica na Amazônia. O levantamento também aponta que aproximadamente três em cada quatro hectares queimados no país eram de vegetação nativa, principalmente formações florestais, que ocupavam 21% da área consumida pelo fogo. Entre as áreas de uso agropecuário, as pastagens plantadas tiveram proeminência, com 4,6 milhões de hectares queimados entre janeiro e setembro.
Predomínio na Amazônia
A Amazônia apresentou um salto de 196% nas áreas queimadas em setembro, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Foram 5,5 milhões de hectares queimados, o equivalente a mais da metade (52%) do total queimado no período em todo o país. Metade desse território era de formações florestais (2,8 milhões de hectares). Outros 3% (1,8 milhão de hectares) eram de pastagens.
O Cerrado foi o segundo bioma mais afetado pelo fogo no mês passado. Foram 4,3 milhões de hectares queimados, o que corresponde a quase metade dos 8,4 milhões de hectares consumidos pelas chamas entre janeiro e setembro deste ano e um aumento de 117% em relação ao mesmo período de 2023.
É a maior área queimada no Cerrado em um mês de setembro nos últimos cinco anos. O valor é 64% superior que a média histórica para o período. A maior parte das áreas queimadas (88,3%) no mês passado foi em vegetação nativa. Foram 3,8 milhões de hectares, com destaque para formações savânicas (2,2 milhões de hectares) e campos alagados (1,1 milhões de hectares).
“O mês de setembro marca o pico da seca no Cerrado e isso torna o impacto do fogo ainda mais severo. Com a vegetação extremamente seca e vulnerável, o fogo se espalha rapidamente”, aponta Vera Arruda, coordenadora técnica do Monitor do Fogo.
No Pantanal, a área queimada nos nove primeiros meses do ano aumentou 2.306% em comparação à média dos cinco anos anteriores. Foram queimados 1,5 milhão de hectares entre janeiro e setembro, sendo um quinto deste total ocorrido no mês passado.
Na Mata Atlântica, foram queimados 898 mil hectares entre janeiro e setembro deste ano, sendo um quarto desse total no mês passado. O levantamento aponta também que 71% do território afetado no bioma estava em áreas agrícolas.
No caminho inverso, o Pampa teve a menor área queimada dos últimos três anos para o período de janeiro a setembro devido à maior umidade e ocorrência de chuvas acima da média. Também foi observada redução na Caatinga, onde 151 mil hectares foram queimados no período, uma queda de 18% em relação ao mesmo período de 2023. Os pesquisadores destacam, entretanto, que o mês mais afetado por queimadas no bioma é outubro.
“Para combater o aumento do fogo, é essencial fortalecer a prevenção com programas de conscientização para proprietários rurais e comunidades, além de aplicar a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. É fundamental intensificar a fiscalização contra o desmatamento, aumentar as penalidades para o uso ilegal do fogo e melhorar as operações de combate aos incêndios, coordenando de forma eficaz as esferas estaduais, municipais e federais para garantir uma resposta integrada e eficiente”, explica Vera.
Com informações de O Globo