A Justiça Eleitoral de Roraima suspendeu, na noite desta quinta-feira (31), a investigação contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Samir Xaud, por suposto envolvimento em um esquema de compra de votos no Estado. A decisão, assinada pelo desembargador Jésus Nascimento, também anulou o mandado de busca e apreensão cumprido na sede da CBF, no Rio de Janeiro, na quarta-feira (30).
Segundo o magistrado, não há “elementos concretos” que liguem Xaud à organização criminosa investigada.
“A simples citação de seu nome em conversas ou vínculos funcionais não constitui, por si só, base suficiente para justificar medida de natureza invasiva e excepcional como a busca domiciliar”, escreveu o desembargador na decisão liminar, que atendeu a um habeas corpus impetrado pela defesa de Xaud, que alegou “constrangimento ilegal”.
Em nota oficial divulgada pela CBF, o presidente afirmou que seguirá “trabalhando com foco, fé e honestidade em prol do futebol brasileiro”. Ele também lamentou a exposição pública sofrida nos últimos dias.
“Sei de onde eu vim, sei quem eu sou e mantive a tranquilidade, apesar da injustiça cometida.”
Apesar de isentar Xaud de envolvimento direto, o desembargador apontou indícios relevantes contra a deputada federal Helena da Asatur (MDB-RR) e seu marido, o empresário Renildo Lima. Em setembro de 2024, Lima foi preso em flagrante com R$ 500 mil em espécie, parte escondido na cueca. A prisão originou a Operação Caixa Preta, deflagrada nesta semana.
A deputada disse, em nota, que foi “surpreendida” com a operação e classificou as medidas judiciais como “gravosas” e desprovidas de “fatos concretos”. Já o grupo Asatur, comandado por Lima, informou estar adotando medidas judiciais contra as ações e declarou que suas atividades seguem normalmente.
Xaud, Helena e Lima integram o mesmo grupo político em Roraima. Em 2022, o presidente da CBF concorreu a deputado federal pelo MDB, mas não se elegeu, obtendo 4,8 mil votos. Em áudio interceptado pela PF, Renildo Lima destaca a força política de Xaud e sua influência em nomeações estratégicas.
“O pedido dele, pelo menos 500 ele consegue”, diz o empresário na gravação.
Com informações de O Globo