Garimpeiros ilegais que atuam na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, divulgaram um vídeo em que exibem flechas supostamente lançadas por indígenas isolados do povo Moxihatëtëa. Nas imagens, eles afirmam ter sido “atacados” na região da Serra do Querosene e classificam os indígenas como “índios bravos” e “100% selvagem”.

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O material, ao qual a reportagem da Folha de S. Paulo teve acesso, mostra flechas com características típicas dos Moxihatëtëa, povo que vive sem contato com a sociedade e é monitorado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) desde 2010. Não há confirmação da data em que o vídeo foi gravado.

O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) informou que está acompanhando o caso junto à Casa de Governo em Roraima e à Funai. Em nota, afirmou que “serão realizadas ações em território para averiguar o episódio e tomar as providências cabíveis, caso confirmado”.

A Funai declarou que o vídeo não mostra confrontos diretos e que o local identificado — conhecido como Pista do Hélio — não está mais ativo e fica distante da área habitada pelos indígenas isolados.

“Até o momento, não é possível identificar a data em que o vídeo foi gravado, não havendo indícios de que o episódio tenha ocorrido recentemente”, informou o órgão.

Os Moxihatëtëa foram localizados oficialmente em 2023 durante uma operação federal que identificou uma comunidade isolada a menos de 15 km de um ponto de garimpo. Desde 2017, o Ministério Público Federal (MPF) alerta para o risco de genocídio dos indígenas isolados diante da presença de garimpeiros na região.

Dário Vitório Kopenawa Yanomami, filho do líder Davi Kopenawa, afirmou que há mobilização entre lideranças indígenas para obter mais informações.

“Estamos esperando mais informações para saber se houve algum ataque”, disse.

Segundo o MPI, as operações federais desde 2024 provocaram redução de 98% nos alertas de novas áreas de garimpo, com prejuízo estimado em R$ 498,7 milhões à atividade ilegal.

Com informações da Folha de S. Paulo