Pelo menos 570 crianças Yanomami morreram entre 2019 e 2022 por causas evitáveis, como desnutrição, malária, pneumonia e infecções parasitárias. Os dados fazem parte de um relatório divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com a Hutukara Associação Yanomami (HAY).

A maioria das mortes ocorreu durante o auge da atividade garimpeira ilegal na Terra Indígena Yanomami, localizada entre os estados de Roraima e Amazonas. A presença do garimpo agravou problemas de saúde, segurança alimentar e provocou danos ambientais significativos, como a contaminação dos rios por mercúrio.

O território abriga cerca de 31 mil indígenas Yanomami, distribuídos em 390 comunidades, sendo a maior parte delas em Roraima.

“É um ciclo de adoecimento muito crônico e sistêmico, muito ligado à invasão garimpeira”, explica a antropóloga Ana Maria Machado, uma das autoras do relatório.

Entre 2019 e 2022, os casos de malária em crianças de até cinco anos ultrapassaram os 21 mil. No mesmo período, 47 crianças morreram da doença — sete vezes mais do que nos quatro anos anteriores. Doenças respiratórias causaram outras 187 mortes entre 2018 e 2022.

A cobertura vacinal caiu de 82% em 2018 para 53% em 2022. Segundo o Unicef, o enfraquecimento dos serviços de saúde e a presença de garimpeiros dificultaram o acesso a vacinas, medicamentos e atendimentos básicos.

O relatório pede ações integradas de proteção à infância Yanomami, com foco em saúde, educação, segurança alimentar e combate à exploração.

“É preciso garantir água limpa, educação de qualidade, assistência à saúde e segurança para que essas crianças se desenvolvam em uma terra livre de invasores”, afirmou Gregory Bulit, chefe de emergências do Unicef no Brasil.