O Ministério Público de Roraima (MPRR) denunciou 17 integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) por administrarem uma rede estruturada de pontos de venda de drogas no estado. Segundo a denúncia, o grupo movimentou R$ 414 mil em quatro meses por meio de “lojinhas” que operavam como unidades de varejo da facção. Os denunciados usavam códigos para identificar drogas, dividiam funções e enviavam vídeos com auditorias financeiras aos superiores.
Um dos denunciados é Rodrigo Alberto Xavier, conhecido como “Sorriso Maroto”, de 37 anos. O MPRR afirma que ele foi enviado de São Paulo para reorganizar a facção em Roraima e que articulava ações violentas contra agentes de segurança. A companheira dele, identificada como “Kauany”, de 33 anos, também foi denunciada como líder do setor feminino da facção. Ela administrava a “lojinha” chamada “Rosinha”, responsável por arrecadar R$ 36 mil.
As drogas eram identificadas por apelidos: “Claro” (pasta base), “Peixe” (cocaína), “Vivo” (maconha prensada) e “Oi” (skunk). As lojinhas funcionavam com nomes próprios e faturamentos distintos, como “Hello Kit” (R$ 27 mil), “Cemitério” (R$ 32,4 mil), “Tem de Tudo” (R$ 30,5 mil) e “Império” (R$ 28,2 mil). Segundo o MPRR, gerentes ficavam com 25% a 30% dos lucros, e o restante era enviado para a cúpula da facção em São Paulo.
A denúncia também identifica que a célula do PCC em Roraima era ligada a um setor nacional chamado “FM – Progresso”. Vídeos apreendidos mostravam drogas, balanças de precisão, valores contabilizados e registros manuais das vendas.
Presos em outubro
Os denunciados foram presos em 2 de outubro pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em Roraima (FICCO/RR), durante a Operação Sucursal, que mirou a rede de varejo controlada pelo PCC no estado. Os pontos funcionavam de maneira coordenada, com venda de crack e drogas sintéticas como a K9, conhecida como “droga zumbi”.
Mesmo após prisões, o grupo substituía rapidamente os gerentes para manter o esquema ativo. Em novembro de 2024, um suspeito foi flagrado transportando 14 celulares destinados aos novos operadores. A análise dos aparelhos revelou contabilidade detalhada, vídeos e registros manuscritos.
A Operação Sucursal é desdobramento da Operação Franchising, realizada em 6 de novembro de 2024, que identificou o modelo de “franquias” do PCC em Roraima.
