Dois venezuelanos suspeitos de vários estupros e roubos foram identificados, nesta sexta-feira (10), durante cumprimento de mandados de busca e apreensão em uma vila residencial do bairro Pintolândia, zona oeste de Boa Vista. Na operação, uma mulher foi presa por receptação qualificada. Até o momento, a Polícia Civil identificou cinco vítimas de abuso sexual, entre elas uma criança de dez anos.

As investigações para esclarecer os crimes tiveram início em novembro de 2024, após a ocorrência de dois casos de estupro, cujas semelhanças na atuação dos criminosos chamaram a atenção da polícia, levando à descoberta de outros delitos crimes com o mesmo modus operandi.

De acordo com Kamilla Basto, responsável pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulhe (Deam), que presidiu as investigações, as vítimas foram submetidas não somente à violência sexual, como à violência física e patrimonial. Uma delas ficou com sequelas permanentes em uma das mãos provocadas por golpes de faca aplicados por um dos acusados.

Detalhes

Na tarde desta sexta-feira, o secretário de Segurança Pública, Ellan Wagner, destacou que o trabalho minucioso da Polícia Civil na ação integrada com o Departamento de Inteligência (Deint) culminou na execução de dois mandados de busca e apreensão, com o objetivo inicial de recuperar objetos roubados das vítimas. Entretanto, durante a ação, os policiais identificaram dois dos suspeitos como autores dos estupros.

“Essa operação é fruto de meses de dedicação das equipes de inteligência e investigação. Desde o início das diligências, nosso foco foi trazer justiça para as vítimas e garantir que os responsáveis fossem identificados e responsabilizados”, afirmou o secretário.

A delegada-geral da Polícia Civil, Darlinda de Moura Viana, destacou o papel dos policiais da Deam e do Deint na elucidação dos casos.

“O trabalho integrado foi extremamente importante para definirmos a autoria e a materialidade dos crimes. Hoje, conseguimos tirar esses criminosos de circulação e estamos confiantes de que novas vítimas poderão surgir após essa operação”, declarou.

A diretora do Departamento de Polícia Especializada, Elivania Aguiar, também destacou a gravidade dos crimes e a dificuldade das vítimas em denunciar, muitas vezes por vergonha ou medo. Segundo ela, outras mulheres podem ter sido vítimas dos acusados e não denunciaram o crime.

“Precisamos lembrar que o silêncio protege os agressores. Nosso papel é garantir que as vítimas sejam acolhidas e que os criminosos sejam responsabilizados. A operação de hoje é um exemplo claro do compromisso da Polícia Civil com a proteção da sociedade”, disse.

Atuação dos criminosos

De acordo com informações da delegada Kamilla Basto, em novembro foi registrado o primeiro crime de estupro coletivo. Dois homens invadiram uma residência de madrugada. Com uso de facas, ambos estupraram a vítima e roubaram vários objetos de sua casa, como relógios e celulares.

“No mesmo mês, ocorreu um segundo crime e percebemos uma conduta semelhante ao crime anterior. Em dezembro, mais três vítimas foram atacadas com a mesma conduta. Ou seja, os crimes ocorriam de madrugada, sempre quando encontravam vulnerabilidade na residência, ou quando as vítimas estavam sozinhas na casa ou em seus quartos”, detalhou a delegada.

Kamilla Basto informou que as imagens captadas dos autores, após a prática dos crimes, não permitiram identificá-los.

“Foi quando iniciamos um trabalho de inteligência com a equipe do Deint e, de forma integrada, conseguimos identificar os suspeitos da receptação dos objetos roubados. Representamos pela busca e apreensão nas residências localizadas em uma vila, no bairro Pintolândia”, informou.

Operação e identificação dos criminosos

As buscas foram cumpridas por policiais civis e do Deint. No local, uma vila com mais de dez apartamentos, os policiais localizaram os suspeitos. Após várias buscas, foram apreendidos telefones celulares, bolsas, roupas, maquiagens, chips telefônicos, esmaltes, entre outros objetos.

“Inicialmente, foram presos dois homens e uma mulher por suspeita de receptação qualificada. No entanto, na continuidade das diligências, ao longo do dia, as vítimas foram acionadas e reconheceram seus bens pessoais roubados. Os dois homens foram identificados por todas as vítimas como os autores dos estupros e dos roubos. São cinco vítimas de estupro e roubo, e duas de roubo, totalizando sete vítimas”, disse a delegada.

Os autores dos estupros e roubos são dois venezuelanos, de 20 e 32 anos. A mulher tem 34.

“As investigações apontaram que os dois homens cometiam os crimes e a mulher vendia os produtos roubados por eles nas redes sociais. Inclusive, no momento da operação, ela e o marido dela estavam usando os telefones celulares das vítimas”, informou a delegada.

Prisão decretada

Na continuidade das diligências, e, tendo em vista todas as provas materiais contra os acusados, no início da tarde desta sexta-feira, a delegada Kamilla Basto representou pela prisão dos dois homens por estupro e roubo.

“Contra a mulher, foi lavrado um auto de prisão em flagrante por receptação qualificada. Representamos pela prisão dos dois homens e, no final da tarde, a Justiça deferiu. Os dois serão apresentados amanhã, sábado [11], na audiência de custódia, com a acusada de receptação”, disse a delegada.