Uma investigação da Polícia Civil de Roraima (PCRR), por meio da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), resultou, nesta terça-feira (17), na deflagração de uma operação para cumprimento de cinco mandados de busca e apreensão em residências de suspeitos de compartilhar fotos e vídeos íntimos de mulheres em grupos de WhatsApp. As ações ocorreram nos bairros Asa Branca, Centro e Paraviana, em Boa Vista.
De acordo com Kamilla Basto, delegada responsável pela investigação, o caso chegou ao conhecimento da Deam em dezembro de 2024, após uma das vítimas perceber que sua imagem íntima estava circulando em um grupo de mensagens. A vítima confirmou a situação após conversar com pessoas que tinham acesso ao grupo, e algumas dessas testemunhas prestaram depoimento, colaborando com as investigações.
As apurações indicam que os suspeitos, integrantes do grupo, mantinham relacionamentos ou vínculos com as vítimas, faziam registros fotográficos — consentidos ou não — e, posteriormente, compartilhavam esses materiais no grupo.
Até o momento, cinco suspeitos foram identificados como possíveis administradores ou participantes ativos. A delegada informou que há indícios de que o número de vítimas seja maior que o inicialmente identificado, e a investigação busca confirmar essa hipótese.
Para aprofundar as apurações, a Polícia Civil solicitou e obteve na Justiça mandados de busca e apreensão, especialmente de telefones celulares e dispositivos eletrônicos, com o objetivo de conseguir provas e identificar outros possíveis envolvidos. Durante o cumprimento das ordens judiciais, três residências no bairro Paraviana, uma no Asa Branca e outra no Centro foram alvo da operação.
Além dos dispositivos eletrônicos, os policiais encontraram munição de uso restrito em um dos imóveis. O responsável pelo material foi preso em flagrante e conduzido ao Plantão Central, onde foi autuado com base na Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), por posse de munição de uso restrito. Ele foi encaminhado para audiência de custódia.
Os aparelhos apreendidos serão encaminhados para análise pericial pelo Instituto de Criminalística, que deve auxiliar na identificação de novos envolvidos e no levantamento de outras evidências.
Kamilla Basto pelo caso reforça que tanto a produção de imagens íntimas sem o consentimento da pessoa quanto o compartilhamento desse tipo de conteúdo, mesmo que a gravação tenha sido autorizada, configuram crime, conforme o artigo 218-C do Código Penal.
“É importante alertar que, ao permitir o registro de imagens íntimas, a pessoa perde o controle sobre a circulação desse material, que pode cair nas mãos de terceiros mal-intencionados. Por isso, é fundamental que todos tenham muito cuidado ao permitir ou compartilhar esse tipo de conteúdo”, ressaltou a delegada.
As investigações continuam para ouvir outras vítimas, testemunhas e analisar todo o material apreendido. Após a conclusão, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público, que deve avaliar o oferecimento de denúncia.