Durante oitivas na Justiça esta semana sobre denúncias de fraudes nas eleições para a presidência da Federação Roraimense de Tênis e Beach Tennis (FRRTBT) revelaram contradições em declarações do atual presidente da entidade, Gabriel Dias da Silva, além da constatação de que nomes de representantes de clubes e atletas foram indevidamente incluídos em atas de assembleias consideradas ilegítimas pelo vice-presidente da entidade, Renato Andrade Queiroz.
Em abril, Queiroz denunciou as supostas fraudes e entrou na Justiça para anular assembleias que, segundo ele, foram feitas de maneira irregular e sem transparência, e envolveriam ainda alterações indevidas no estatuto.
A federação representa atletas, clubes e academias de tênis e beach tennis no Estado.
Na ocasião, Queiroz destacou que duas assembleias “supostamente” ocorreram em outubro e novembro de 2024. Uma delas alterou o estatuto da federação, e outra foi voltada para as eleições, mas ambas sem convocação pública nem comunicação à maioria dos associados. Dessa maneira, Gabriel Dias foi reeleito para o cargo de presidente.
Segundo Queiroz, um dos pontos questionados durante depoimento à Justiça trata de “afirmação falsa” feita por Dias à juíza responsável pelo caso, ao alegar que a FRRTBT não possui sede, contradizendo documentos oficiais da própria federação que, há anos, indicam endereço físico cadastrado em seu CNPJ, atas e comunicados públicos. A declaração teria sido feita com o intuito de ocultar o fato de que a eleição de novembro de 2024 ocorreu em sua residência, em vez da sede oficial ou local institucional previamente divulgado.
Além disso, pessoas citadas como participantes dessas assembleias negaram em juízo terem estado presentes e afirmaram ainda não saberem dos atos descritos. A ausência de lista de presença e a “forma tardia e suspeita de registro das atas” — realizadas quase dois meses após os supostos eventos — reforçam a hipótese de grave manipulação documental, de acordo com as denúncias apresentadas, o que pode representar crime de falsidade ideológica.
“Outro ponto que chama a atenção é o comportamento do assessor jurídico da federação, o advogado Emerson Delgado, que vem atuando exclusivamente na defesa pessoal do presidente, quando seu papel institucional deveria ser a defesa da entidade como um todo, inclusive representando o vice-presidente em caso de desentendimentos internos. Trata-se de um evidente conflito de interesses, que compromete ainda mais a credibilidade da atual gestão”, destaca Queiroz.
Diante desse cenário, dois clubes filiados à FRRTBT, regularmente adimplentes e com legitimidade estatutária, convocaram de forma pública e oficial uma assembleia geral extraordinária com pauta que inclui, entre outros temas, o afastamento imediato do atual presidente.
“Esses acontecimentos reforçam o clamor por transparência, lisura e respeito às normas que regem as entidades esportivas. A comunidade do tênis e do beach tennis em Roraima aguarda posicionamento firme das instituições superiores, como a Confederação Brasileira de Tênis [CBT], e o cumprimento da legislação que garante a boa governança no esporte”, conclui Renato Queiroz.
A reportagem não conseguiu contato com o presidente da Federação Roraimense de Tênis para se manifestar sobre as novas denúncias.