A operação da Polícia Federal que teve como alvo a deputada federal Helena da Asatur (MDB-RR) nesta quarta-feira (30) trouxe à tona a prática de uso de clubes de futebol como meio de promoção pessoal. Investigada por suspeita de compra de votos, a parlamentar já vinha sendo questionada por vincular sua imagem institucional às camisas e redes sociais de times locais, patrocinados por empresas de sua família.
Clubes como o Grêmio Atlético Sampaio (GAS) e o Atlético Roraima, exibiram durante campeonatos locais a logomarca “Helena Deputada Federal” em camisas e redes sociais. Especialistas afirmam que o uso direto do nome da parlamentar, vinculado ao cargo público, ultrapassa os limites legais permitidos para patrocínios privados.
“O patrocínio empresarial é legítimo, mas quando a identidade do agente político se sobressai à marca, isso indica promoção pessoal com viés eleitoral”, afirma o constitucionalista Guilherme Barcelos.
A propaganda foi removida após a divulgação de reportagem no jornal O Globo, mas a prática já havia se tornado recorrente. Atualmente, o Atlético Roraima substituiu o nome de Helena por outros dois políticos: o delegado Daniel Trindade, pré-candidato a deputado federal, e o deputado estadual Neto Loureiro (PMB-RR).
Helena e seu marido, Renildo Lima, são considerados os responsáveis pela revitalização do GAS, que viveu anos de dificuldades. Ambos passaram a investir no clube há dois anos, transformando-o em uma das principais forças do futebol roraimense.
A relação com o esporte rendeu à deputada homenagens da Federação Roraimense, presidida por Zeca Xaud, pai de Samir Xaud — o atual presidente da CBF, também alvo da operação da PF.
A parlamentar, que ocupa a 2ª vice-presidência da Comissão do Esporte na Câmara, nega irregularidades e afirma que o uso de seu nome nas camisas se deve ao título simbólico de “madrinha das equipes”. Porém, as postagens oficiais dos clubes a tratam diretamente como patrocinadora.
Com informações de O Globo