A Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca, Aquicultura e Política Rural da Assembleia Legislativa de Roraima (ALERR) realizou nesta quarta-feira (29), no Plenário Noêmia Bastos Amazonas, uma audiência pública sobre os impactos econômicos, sanitários e ambientais da presença de javalis e javaporcos no Estado.
O encontro reuniu representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), produtores rurais, especialistas e gestores públicos. Segundo dados da Aderr, estima-se que existam entre 15 e 20 mil animais espalhados nos municípios de Alto Alegre, Bonfim, Cantá, Amajari e Boa Vista.
O presidente da comissão, deputado Armando Neto (PL), destacou que a audiência servirá como base para elaboração de projeto de lei que regulamente o controle populacional da espécie.
“Reunimos órgãos fiscalizadores, produtores e representantes da sociedade para coletar informações que embasem um texto legislativo responsável. Precisamos considerar três pilares: o produtor rural, a questão sanitária e o papel dos caçadores que realizam o controle com recursos próprios. A comissão vai reunir essas contribuições para apresentar uma proposta que proteja o povo de Roraima e as atividades produtivas.”
O deputado Marcelo Cabral (Cidadania) afirmou que a Assembleia precisa abrir espaço para diálogo e construção coletiva de soluções.
“Recebemos sugestões de outros estados e precisamos trazer esses procedimentos para Roraima, adaptando-os à nossa realidade. É fundamental que a Assembleia continue aberta ao diálogo, valorizando quem trabalha na agricultura e defendendo os interesses do campo. Sei o quanto é importante tratar esse tema com responsabilidade e compromisso com o povo do nosso Estado.”
O chefe do Programa de Sanidade Suína da Aderr, Murilo Borges Dias, apresentou dados técnicos sobre os riscos da espécie.
“Esses animais já estão presentes e causando prejuízos econômicos diretos aos produtores, afetando pequenas propriedades e famílias inteiras. Eles competem com a fauna silvestre, predam ovos e pequenos animais e representam riscos sanitários, como peste suína clássica, peste suína africana, febre aftosa e raiva. A maior concentração está nos municípios do entorno de Boa Vista, especialmente em Alto Alegre.”
Produtores e caçadores também participaram da audiência. Frank Vieira Júnior, presidente da Cooperativa Roraimense de Suinocultores, alertou para os prejuízos à agricultura e suinocultura.
“O Estado vem crescendo na produção de soja e milho, e os javaporcos causam grandes prejuízos. Cerca de 80% da criação de suínos ainda é feita de forma extensiva, com animais soltos, o que facilita o cruzamento com javalis e aumenta o risco de doenças. É preciso que o Ibama e o governo do Estado autorizem ações conjuntas com os criadores para controlar essa população.”
Para Rafael Salerno, presidente da Associação Brasileira de Caçadores “Aqui tem Javali”, o controle por caça é essencial.
“A presença do javali é uma ameaça ambiental e econômica. Em todo o mundo, ainda não há solução definitiva para o problema, mas o controle por caça autorizada é o método mais eficaz. Em Roraima, o desafio é agir rapidamente para evitar que a infestação avance. Viemos compartilhar experiências de outros estados e reforçar a necessidade de políticas públicas para conter essa expansão.”
