O governador Antonio Denarium (Progressistas) anunciou nesta quinta-feira (18) que a energia do linhão de Tucuruí está oficialmente conectada a Roraima. Com a ativação, o Estado passa a fazer parte do Sistema Interligado Nacional (SIN), encerrando um ciclo histórico de isolamento elétrico.

“Hoje começa o primeiro dia oficial da energia do Linhão de Tucuruí para Boa Vista”, afirmou Denarium, em entrevista ao site Poder360, concedida na sede do governo estadual. O governador destacou que os testes iniciados em 13 de setembro foram concluídos sem falhas e, por isso, a energia foi oficialmente ligada nesta quinta-feira.

O anúncio antecipa o cronograma previsto pelo governo federal, que esperava concluir a obra em dezembro. Desde a cerimônia simbólica de energização, em 10 de setembro, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o sistema vinha operando em fase de testes.

A obra do linhão é um projeto antigo, com origem ainda na década de 1990, mas enfrentou paralisações ao longo dos anos. Em 2011, uma decisão judicial suspendeu o processo licitatório. Segundo Denarium, foi preciso atuar diretamente para destravar a ação.

“Quando assumi o governo lá em 2019, fizemos um grande trabalho para que essa ação viesse à pauta. Mostramos que o projeto não causaria impacto ambiental. Com isso, conseguimos a revogação da decisão que suspendia a obra do linhão de Manaus para Boa Vista”, explicou.

Denarium ressaltou também que o avanço só foi possível após negociações com comunidades indígenas e com o governo federal.

“A principal questão era a compensação financeira do impacto ambiental com a passagem do linhão por área indígena. Todas essas questões foram resolvidas, e o governo federal está fazendo uma compensação ambiental superior a R$ 100 milhões”, afirmou.

O governador também reconheceu o apoio de ministros e presidentes de gestões anteriores e atuais. Ele citou os ministros de Minas e Energia Bento Albuquerque (governo Bolsonaro) e Alexandre Silveira (governo Lula), além dos presidentes Jair Bolsonaro (PL) e Lula, que deu ordem de serviço em 2023 para a retomada final da obra.

Antes da integração ao SIN, Roraima era o único Estado fora do sistema nacional. Até 2018, toda a energia consumida era gerada por termelétricas a óleo diesel e, em parte, importada da Venezuela. Com a instabilidade do país vizinho, os apagões eram frequentes. Em 2018, segundo a Roraima Energia, foram registrados 84. Em 2024, esse número caiu para quatro.

Agora, 55% da energia consumida vem do linhão, e 45% ainda é produzida localmente.

“Seremos exportadores. E o que temos agora é praticamente toda a energia gerada em Roraima sendo limpa ou renovável”, declarou Denarium.

A matriz atual conta com fontes como gás natural (Eneva), biomassa de acácia (Oxyenergia), biomassa de dendê (BBF e Palmaplan), além da pequena termelétrica de Jatapu.

Denarium disse que, embora a tarifa de energia seja definida por uma média nacional, há expectativa de redução de custos.

“A tarifa no Brasil é feita pelo custo da média nacional. Então, a gente tem a expectativa de uma pequena redução do custo da energia elétrica”, afirmou.

O governador acredita que a nova realidade energética pode atrair investidores.

“As instabilidades em Roraima, a partir de hoje, são coisa do passado. Estamos prontos e de braços abertos para receber investimentos de todo o Brasil”, declarou.

Com informações de Guilherme Waltenberg/Poder360